Linda Martini - Estuque

Olhas como através de mim,
cada fissura,
imperfeição.
Olhas como eu não estivesse aqui e fazes-me duvidar se tens razão..

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Porta

Consegues ver para além de mim
Mais que águas
E folhas de verde,
Carmim.
Quebras o sol
Apagando-o com
Facadas de meia-noite
E o verde, verde
Que meu sangue
Jorrou.
Acabas com um fim,
Um fim do meu fim
Que acabou comigo.
Enfim…

Entras no bosque
Ramificado de antigas tristezas
Qual a árvore que chora mais?
Vê-se orvalho
A sentir-se a tocar
Na minha pele.
Vejo palidez
E um ser que me apavora de morte.
Vejo monstros a reencarnarem
Na tua pele
Lixívia
E bocados de pele
Espalhados pelos cantos da tua boca
E desloca-se um sol
Fulminante.
De garras e gemidos
Entediante.
Agarra-se num cume de faca
Esperando não se sangrar demasiado
E faz-se fissuras imperfeições em bocados de nós.
Em que se transparece
Uma mágoa ditosa,
Imaginária.
Toda criada
Enquanto os nossos corpos nus
Se tocavam.

Levanta-se a madrugada
E fica-se com um dia sem sol.
Deixa-se escorrer a chuva
Nos meus cabelos ruivos
Amarelados
Gastos pelo tempo
E arde-me a inocência
E todas as virtudes que não
Possuo.
Afio os meus dentes
Com uma lima
De forma a parecerem mais
Bicudos
Que a ponta
Dos meus olhos
Cem mil verdades
De prazer.
Ruidosas a encaixarem-se em vácuos
Vazios de mim.
Apareces mais uma vez.
Fecha a porta,
Atrás de ti.

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