Linda Martini - Estuque

Olhas como através de mim,
cada fissura,
imperfeição.
Olhas como eu não estivesse aqui e fazes-me duvidar se tens razão..

sábado, 13 de dezembro de 2008

Cinderela

Anda dançar a valsa comigo, Cinderela.
Criando as inspecções
De um dia te voltar a ver
Novamente.
E quando o bater
Da meia-noite tiver perto, Cinderela,
Deixar-me-ás sozinho, cravando-me o sapato no peito.
Mas as baladas avançam sobre mim,
Sucessivamente.
E irás deixar de ser minha, Cinderela.

Ah!
Dança comigo, e faz-me lembrar de novo,
As falsidades de todo o mundo,
E as garras da corte;
E todo o teu mel sorriso enfadado
Mostrando-me novamente
As unhas
E arranca-me o braço,
Enquanto danças comigo a valsa, Cinderela.
Não craves o teu sapato de cristal,
No meu coração aveludado
Borrifando os meus pesadelos
De eterna obscuridade.
De ti só brota,
brusquidão
E dos teus olhos o sangue percorre
Todo o teu pescoço nu
E desejo fazer infantilidades com ele.
Mas ai cair,
Faz o som monotonamente recriado,
Pelos teus lábios rosáceos,
Lança as bainhas para o ar,
Inundando-me o céu
De sombras indistintas,
Culminadas em pedaços de vidro nos teus olhos.

Cobre-me no teu vestido, Cinderela
Afaga-me as mágoas de viver.
Cobre-me no teu vestido, Cinderela
Aperta-me nos corpetes,
E deixa-me sufocar de prazer.

Oh Cinderela!
Cobre-me com as rendas do teu vestido,
E borda-me os lábios para nenhuma palavra de mim de escapar,
Todas as minhas lamúrias,
E choradeiras
Foram feitas á sua base e á tua semelhança.
Cinderela, não te deixo de amar.

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